David Bowie e a pluralidade na sétima arte

Letícia Caldeira

O legado deixado por David Bowie em toda sua genialidade não se restringiu apenas à música. Sua versatilidade foi explorada no cinema através de atuações que se tornaram icônicas, provando o caráter metamórfico do artista britânico. Conhecido por dar vida à personas e subverter o padrão com seu visual andrógino, Bowie encarnou papéis em filmes de grandes diretores como David Lynch, Christopher Nolan e Martin Scorcese.

Nos anos 70, Bowie apresentou ao mundo Ziggy Stardust, um rockstar alienígena. Sete anos após sua primeira atuação (no curta-metragem “The Image”, de 1969), o cantor que possuía fascínio pelo mundo extraterrestre interpreta um alien caído na Terra em “O Homem que Caiu na Terra” (1976).

Em 1983, contracenou com Catherine Deneuve em “Fome de Viver”, filme britânico com ar sombrio e temática vampírica. A película de estreia do diretor Tony Scott rendeu a Bowie críticas positivas, onde interpretou o marido de Miriam Blaylock (Deneuve), vampira que obtém vida eterna e, após viver anos casada, rejeita o companheiro fazendo-o envelhecer rapidamente.

No mesmo ano Bowie atuou em “Furyo, em Nome da Honra”, do diretor japonês Nagisa Õshima. Baseado nas vivências de Major Jack, um soldado inglês preso num campo de concentração do Japão durante a Segunda Guerra Mundial, o filme recebeu indicação ao Palma de Ouro no Festival de Cannes em 83.

Talvez o mais memorável filme com David Bowie para os jovens da década de 80, “Labirinto – A Magia do Tempo” tornou-se um clássico do gênero fantasia e aventura. Lançado em 86, conta a história de Sarah Williams (Jennifer Connelly), uma jovem que precisa atravessar o labirinto de um mundo mágico para resgatar seu irmão caçula que está nas mãos de Jareth, the Goblin King, vivido por Bowie. Com o figurino marcante dos anos oitentistas e excelentes canções, o filme foi dirigido por Jim Henson (criador de “Os Muppets”) e possui produção executiva de George Lucas.

No fim da década, Bowie interpretou Pôncio Pilatos na obra de Martin Scorsese indicada ao Oscar, “A Última Tentação de Cristo”.

Em 1992, trabalhou com David Lynch em “Twins Peaks – Os Últimos Dias de Laura Palmer”, onde atua como um agente do FBI raptado por demônios.

“Andy Warhol looks a scream” cantou o camaleão do rock em seu disco Hunky Dory. Tendo Warhol como um dos seus ídolos da Pop Art, o cantor inglês teve a oportunidade de interpretá-lo em 1992, na obra sobre o artista Jean-Michael Basquiat.

Após alguns outros filmes, David Bowie deu vida ao famoso físico Nikola Tesla em “O Grande Truque”, de Christopher Nolan. Com roteiro adaptado do livro homônimo de 1995, conta a história de mágicos rivais obcecados em criar o melhor truque de ilusão.