País sustentável

Novas formas de pensar em defesa de uma comunidade mais produtiva

Comunidade verde

Direto do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, uma iniciativa que partiu de cinco moradores do bairro Modelo, do município de Ijuí, mudou toda a história e desenvolvimento de uma, até então, pequena comunidade. Em incentivo à arborização dos espaços públicos da localidade em que moravam, os vizinhos resolveram se unir e transformar essa proposta em prática com as próprias mãos. 

Criados em 5 de junho de 1979, os Bandeirantes do Verde partiram da iniciativa dos próprios moradores do bairro Modelo. Em um período compreendido pouco tempo após o início da habitação da localidade, com a implantação de mais de 700 casas por intermédio da Companhia de Habitação do Estado (Cohab), cinco vizinhos se reuniram na casa número 20 da Avenida Nelson Lucchese, para discutir alternativas ao plantio e proteção de árvores e canteiros do bairro, assuntos que, na época, tinham pouca repercussão entre as autoridades e público em geral. A partir disto, os moradores Delmar e Rosane Amorim, Ari e Lila Tomé da Cruz, e Jussara Oliveira, decidiram fundar a Sociedade Ecológica Bandeirantes do Verde.

Conforme Delmar Amorim, antigo presidente e idealizador da entidade, através do trabalho voluntário iniciado por eles, surgiu a ideia de se implantar um projeto novo, onde houvesse uma integração maior com a comunidade, haja vista que, na época, a localidade era descampada e não possuía nenhuma arborização. Atualmente, segundo Jussara de Oliveira, o bairro Modelo é uma referência em plantio de árvores, tanto nativas quanto exóticas, o que evidencia os resultados do trabalho desenvolvido pela organização.

Após um recesso nas atividades da entidade, a Associação Ecológica Bandeirantes do Verde retornou, no primeiro semestre deste ano, com a nomeação do novo presidente Daniel Drefs. O atual diretor, que acompanha as ações da organização desde a infância, como morador do bairro Modelo, assume a entidade com a proposta de conscientizar ainda mais a população, tanto local quanto regional, em relação a práticas simples que podem ser adotadas pela comunidade em prol da preservação da natureza.

PATRULHAS ECOLÓGICAS

Com o retorno da entidade também foi colocada em prática uma de suas propostas mais antigas, que trata da criação das Patrulhas Ecológicas. Ainda em fase de implantação, a iniciativa tem por finalidade reunir crianças de sete a doze anos de idade em diversos grupos, que poderão participar de oficinas e contribuir nas demais atividades realizadas pela organização.

Com o retorno da entidade também foi colocada em prática uma de suas propostas mais antigas, que trata da criação das Patrulhas Ecológicas. Ainda em fase de implantação, a iniciativa tem por finalidade reunir crianças de sete a doze anos de idade em diversos grupos, que poderão participar de oficinas e contribuir nas demais atividades realizadas pela organização.

A primeira desde o recesso foi criada durante a realização da Corrida Ecológica do bairro Modelo, que mobilizou os moradores locais em uma espécie de maratona ecológica, com um percurso de quase 5 quilômetros, incentivando o recolhimento de material reciclável e sua destinação correta. Denominada Patrulha Ecológica Francisco de Assis, o grupo é composto por onze crianças, que atuam na manutenção e monitoramento da limpeza do bairro durante os fins de semana. Conforme os coordenadores da entidade, as atividades acontecem das 14h às 16h.

Conforme Daniel Drefs, durante a primeira geração da Sociedade Ecológica Bandeirantes do Verde, antes do recesso, as Patrulhas Ecológicas contribuíram com o projeto de arborização do bairro. Uniformizados, com camisas amarelas, bermudas verdes e bonés de cor laranja, os Patrulheiros foram uma inspiração para o novo presidente. "Era uma empolgação ver aquela turma correndo e não poder participar, mas, mesmo não participando naquela época, vendo o trabalho deles tive muito interesse em contribuir com o retorno da entidade", explica.

A Água pede Socorro

Com o objetivo de levantar dados referentes à qualidade da água e sua vazão para que, posteriormente, possa ser feito um alerta às autoridades municipais, estaduais e federais quanto à situação de risco em que se encontram as margens de poços d'água no município de Ijuí, a Bandeirantes do Verde desenvolve o projeto A Água Pede Socorro. A ação consiste na coleta de amostras em afloramentos d'água, feitas pelos próprios Bandeirantes, que são levadas para análise em parceria com o Laboratório Martel.

O trabalho, de acordo com o idealizador e fundador da entidade, Delmar Amorim, tem um período de duração de aproximadamente três anos para ser concluído. Até o momento, foram feitas 27 análises em diversas localidades, tanto da área urbana quanto no interior do município, contemplando as localidades da Linha 7, Linha 4, Alto da União, Rincão dos Goi e no entorno do bairro Modelo. "Destas, 70% das águas estão contaminadas com coliformes fecais e totais", afirma.

Para Amorim, A Água pede Socorro é uma iniciativa motivada pelo desaparecimento gradual da água em todo o mundo, ocasionado pelos altos níveis de consumo. A exploração das águas profundas também é uma das problemáticas enfatizadas por ele, uma vez que, por serem águas puras e limpas, estas deveriam ser deixadas para os futuros descendentes, mas já estão sendo exploradas atualmente.

Arborização urbana

Um dos focos da Associação Ecológica Bandeirantes do Verde desde a sua fundação é a arborização e preservação de árvores no meio urbano, que, segundo a entidade, constitui um fator de alta importância para o município. Considerando os fatores que justificam essa preservação e o plantio, faz-se necessário e urgente, conforme um dos fundadores da organização, Delmar Amorim, tomar consciência da gravidade que a situação assume em muitas oportunidades.

"Hoje, segundo cientistas, 30% da produção de oxigênio do mundo vem da arborização urbana. O restante é produzido pelo plâncton, presente nos oceanos", disse, reiterando a preocupação da organização em manter e proteger os afloramentos d'água locais como uma reserva, para que possam ser explorados no futuro, o que é um dos objetivos do projeto A Água Pede Socorro. Funções igualmente importantes e que também devem ser consideradas, além da purificação do ar, são a retenção da poeira, diminuição do ruído e enriquecimento da umidade do ar através da transpiração.

Em primeiro lugar, segundo ele, deve-se cuidar as árvores já existentes, evitando que elas sejam danificadas e, quando por acaso forem, que sejam reparadas o mais rápido possível. Casos de galhos quebrados, mal cortados ou derrubados por vendavais e veículos, bem como a quebra proposital de galhos, plantas recém colocadas arrancadas e aplicação de produtos tóxicos também são fatos que merecem consideração e ação imposta pelo público, de acordo com Amorim.

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Foto: Rafael Keske


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