Fragmentos de 
uma tragédia marianense

Após o rompimento da barragem do Fundão, Mariana, típica cidade calma, transformou-se impetuosamente em lugar de tristeza, desespero, revolta e solidariedade. Ora sentia-se o silêncio estarrecedor, a incredulidade, a reflexão. Ora pulsava a tentativa de recomeçar amparada na fé e na vontade de justiça. Pelas ruas marianenses, algo ficou claro: o algoz e o protetor são o mesmo e integram o cenário de peças que se encaixam em um passado impiedoso, um presente devastado e um futuro incerto à sombra da mineração.

O papel e o chão de fábrica

Rodney Cassiano, 62 anos, é aposentado da Samarco, depois de vinte e quatro anos como mecânico na empresa. Nesse período recebeu auxílio creche, alimentação, bolsa de estudo para os filhos, além do transporte e da participação efetiva nos lucros. Ele conta que, na sua época, a mineradora tinha como meta priorizar a segurança do trabalhador. Terceirizado da Aveyance, o vulcanizador Rodson Cassiano, 29, filho de Rodney, afirma que apesar de não possuir os mesmos benefícios que os efetivos, a conscientização e a exigência de prevenção de riscos no ambiente de trabalho são as mesmas.

Uma das ações nesse sentido é o Diálogo Diário de Segurança (DDS), que discute o tema na firma e incentiva os trabalhadores que sugerem melhorias. Essa cultura de organização e proteção interna incluiu a Samarco na lista das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil da revista Você S/A, em 2014. Com 81,4 de 100 pontos, um dos critérios é o índice de satisfação dos funcionários com o ambiente de trabalho. Na Samarco, 80,7% dos trabalhadores estão satisfeitos. De acordo com o sindicato Metabase Mariana, atualmente a mineradora emprega cerca de 2 mil funcionários e 3 mil terceirizados de 15 empresas nas cidades de Mariana, Ouro Preto, Santa Bárbara, Barão de Cocais e Catas Altas.

Apesar das oportunidades oferecidas pela companhia, o representante do Metabase Mariana, Ronaldo Bento, 38, discorda da colocação no ranking. Segundo ele, a corporação é diferenciada em relação aos benefícios dos trabalhadores, contudo a preocupação com o lucro, como em todas as empresas, gera pressão para os funcionários produzirem. “Nós que somos do ‘chão de fábrica’ sabemos que o papel [ranking] de sustentabilidade e desenvolvimento social não acontece na convivência do dia-a-dia. A cada dia a mão humana é mais escravizada.”

De acordo com a pesquisa Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade - Poemas, 2015, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a Samarco responde a 554 processos no Tribunal Regional do Trabalho da 3º Região de Minas Gerais e 1.021 no Tribunal Regional do Trabalho da 17º Região de Espírito Santo. O número é considerado alto se comparado à quantidade de funcionários da empresa, cerca de 7 mil. O Poemas afirma que o número de desrespeitos trabalhistas pode ser ainda maior, já que muitos não chegam à Justiça.

O grau de risco na execução das atividades minerárias chega à escala 4, o nível máximo. Na Samarco, de acordo com o Poemas, os acidentes com trabalhadores cresceram 95% entre 2009 e 2014. O estudo credita o aumento à queda do preço do minério em conjunto com a necessidade de se manter a constante produtividade, reduzindo os custos operacionais para a manutenção dos lucros. Em 2014, a companhia obteve lucro líquido de R$ 2,8 bilhões e faturamento bruto de R$ 7,6 bi.

O LAMPIÃO procurou trabalhadores da mineradora para relatar esse cotidiano de pressão. Ninguém quis falar. “Se eu me expor, perco meu emprego. E depois, onde vou trabalhar aqui em Mariana?”; “Motivos relacionados às exigências do contrato me impedem de falar”. O item 17 do Código de Conduta da Samarco adverte que é obrigação do colaborador proteger informações que dizem respeito às atividades exercidas na organização. O sigilo deve ser mantido mesmo "após o término do vínculo empregatício com a Samarco".


Quanto vale um projeto?

A estudante Jennyfer Fialho dos Santos, 11, recorda com saudade a vida em Bento Rodrigues. Os fins de semanas no distrito e a expectativa pela construção da piscina no quintal de casa são memórias ainda muito vivas. Em poucos minutos, a lama do Fundão transformou a realidade em sonho a ser recuperado. “Meu desejo é que façam um novo Bento, o mais parecido possível. Antes meu sonho era que melhorasse, porque lá tinha pouca coisa."


Jennyfer conta que um dos problemas do local era a insuficiência na captação de recursos hídricos, assunto muito estudado na Escola Municipal de Bento Rodrigues. Uma das maneiras de abordar o tema foi uma reportagem de rádio em que a estudante entrevistou moradores sobre a falta d’água e possíveis soluções. A iniciativa surgiu de uma parceria entre a escola e o projeto Cidadão do Futuro, da Samarco. Voltado para a inovação no ambiente educacional, o programa promoveu a inclusão de tecnologias que auxiliem as práticas pedagógicas na escola.

O projeto iniciou as atividades em Bento Rodrigues em 2014, e era executado pelo Instituto Paramitas, contratado pela Samarco, como parte da política de relacionamento socioinstitucional da empresa. De acordo com o relatório financeiro de 2014, a organização gastou aproximadamente R$ 10,4 milhões em projetos sociais em Minas e no Espírito Santo - cerca de 0,14% do faturamento bruto. A companhia não respondeu ao LAMPIÃO sobre a verba para projetos em Bento Rodrigues, antes e depois da tragédia.

A Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania de Mariana elaborou um Plano de Ação de Assistência Social para os quatro meses seguintes. O documento foi entregue à Samarco e pede a contratação de psicólogos e assistentes sociais que atuarão com as famílias atingidas.

Segundo o secretário adjunto de Desenvolvimento Social, João Paulo Paranhos, essas pessoas ficam sob cuidado da empresa. "Não temos autorização para iniciar uma política com os atingidos, ela é de responsabilidade da Samarco."


Parceiro privilegiado

Diante do cenário, a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) criou o Comitê de Articulação para Ação Voluntária em apoio aos atingidos. A estratégia visa organizar as ações propostas pela comunidade acadêmica em uma frente de mobilização, de médio e longo prazo, para acompanhar e orientar os moradores de Bento Rodrigues, Paracatu e outras áreas afetadas. O comitê é construído por eixos, como Educação e Memória, Saúde, Trabalho, Comunicação, e está aberto a sugestões. Há 28 projetos para entrar em ação. O chefe de gabinete da reitoria, José Armando Ansaloni, 55, explicou que antes da criação do comitê a universidade facilitou ações isoladas. Entre elas, carros para o envio de donativos a Barra Longa e umo ônibus que levou 40 estudantes de medicina para fazer a triagem dos moradores.

A instituição foi convidada pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de MG (Semad) para participar de um estudo de normatização da construção de barragens de rejeitos. A pesquisa tem como proposta realizar uma força-tarefa para analisar e sugerir normas técnicas para melhorar a fiscalização em Minas Gerais, além de desenvolver novas tecnologias.

A mineração está presente em outras instâncias da Ufop. A Samarco contribui de forma efetiva para a realização de pesquisas e eventos na universidade, por meio de convênios, protocolos e financiamentos. Em outubro de 2015, foi assinado um protocolo de intenções para ofertar aos estudantes aulas de segurança do trabalho ministradas por funcionários da Samarco. O reitor da universidade, Marcone Jamilson, 55, conta que ainda não existe nenhuma conversa sobre a suspensão das propostas, e que depois do rompimento da barragem a empresa "terá tempo de sobra" para se dedicar às aulas. A construção do Parque Laboratorial do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e do Centro de Geotecnia Aplicada também integram o protocolo. Com investimento de R$ 6,8 milhões em estrutura, Vale e Samarco pretendem criar um polo de tecnologia industrial no campus.

Em 2014, por intermédio da Fundação Gorceix, a Vale e a Samarco investiram R$ 781,8 mil em pesquisas de professores da Ufop. As empresas também patrocinam eventos como Festival de Inverno e Fórum das Letras, realizados pela instituição. Como consequência do rompimento da barragem doe Fundão, alguns convênios entre a Fundação Educativa de Ouro Preto (Feop) e a Samarco, avaliados em R$ 1,2 milhão e 200 mil, foram suspensos. A instituição é um dos principais órgãos de apoio à universidade.

Por meio de nota, a Ufop lamentou o acontecido e se solidarizou em ajudar as famílias atingidas pela lama. Parte da universidade classificou a postura dos integrantes da Escola de Minas, maior beneficiária das verbas de pesquisa e dos convênios com a mineração, como omissa, já que não houve nenhum pronunciamento do instituto. Segundo o reitor, alguns professores optaram por não falar sobre o caso devido à relação que mantêm com a empresa ou por não dominar as peculiaridades da barragem da Samarco. "Nós temos professores que estão envolvidos no processo", confirma, informando que não houve proibição de declarações por parte da reitoria.

O Grupo de Pesquisas RECICLOS-CNPq da universidade, nos últimos anos, vem desenvolvendo estudos nessa área; uma delas é a do professor Ricardo Fiorotti, do departamento de engenharia civil. Os estudos mostram que é possível incorporar até 80% da lama de rejeito no lugar de areia na produção de materiais para a construção civil.


Direitos em pauta

Em 1991, moradores que perderam tudo devido a impactos de barragens no Brasil se juntaram para defender seus direitos. O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) hoje atua em 17 estados. Desde o rompimento da barragem do Fundão, o movimento está em Mariana na tentativa de mover ações que garantam os direitos das comunidade de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e outras áreas afetadas pela lama.

Letícia Alves é coordenadora estadual do MAB e afirma que normalmente o movimento inicia as atividades nos locais onde há barragem ou durante a construção, sendo nova a experiência com um rompimento. “A gente chegou em um momento impactante, o direito à informação desde o início foi violado. e não havia quase nenhuma participação dos atingidos sobre os direitos e propostas para ampará-los”.

Em Mariana, o MAB defende a obrigatoriedade de uma verba de manutenção paga pela empresa, um valor mais alto para iniciar o processo de reconstrução dos bens, o reerguimento da comunidade priorizando sua dinâmica e laços afetivos, além da recuperação da Bacia do Rio Doce. Os integrantes do movimento esclarecem aos atingidos sobre direitos e negociações e os incentivam a não desistir de recuperar o que perderam.

Outra ação que surgiu como estratégia para negociações foi o Reage. O coletivo juntou iniciativas de órgãos da sociedade civil, para ajudar no processo de ressarcimento das famílias atingidas. Representantes do Ministério Publico, MAB, Arquidiocese, IFMG, Ufop e moradores das áreas afetadas dialogam sobre pautas emergenciais para entregar à empresa. Uma proposta única defende os interesses dos moradores de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Barra Longa. A criação de comissões que representem os atingidos também é uma ideia surgida no Reage. A comissão representativa é composta por 32 membros, que falam pelos distritos afetados. Os participantes, moradores dos locais atingidos, mediam as negociações entre a Samarco e a população. De acordo com o representante do distrito de Paracatu de Baixo, Dan Mol Peixoto, 47, o comitê tem se preocupado com a união dos atingidos, para que ninguém saia prejudicado das negociações.

Além da comissão representativa, foi criada uma comissão para administrar quase R$ 1 milhão de doações. De acordo com um dos representantes, José do Nascimento de Jesus, 70, “o dinheiro está retido, e a intenção é utilizá-lo depois que a Samarco indenizar e reconstruir as áreas atingidas”. Ainda não foi discutido como a quantia será repartida.

Para a professora de Serviço Social da Ufop Sheila Dias, 36, a participação dos movimentos sociais, o trabalho voluntário e as doações são atos de solidariedade importantes, mas que podem reduzir as ações reparatórias dos responsáveis. “A Samarco se eximie da responsabilidade de bancar as comunidades expropriadas e usurpadas de seus direitos.”

Ecos na rua

No primeiro mês da tragédia, que tingiu a primaz mineira de marrom, gritos e choros clamavam por justiça. A atuação do poder público e as ações de empresas privadas colocaram em dúvida quem cuida realmente do povo, e os questionamentos começaram a surgir.

O primeiro deles uniu as vítimas do rompimento da barragem do Fundão, a Arquidiocese de Mariana e o MAB. Na busca por respostas, cartazes tomaram conta das ruas marianenses em um manifesto pela valorização da vida, que reuniu mais de 100 pessoas, dia 13 de novembro.

Dona Nilza Pena, 72, trazia a incerteza no olhar e nas mãos. No cartaz, as palavras “pai de família, dedicado, competente e responsável” descreviam as indagações sobre o desaparecimento do genro Daniel Altamiro de Carvalho, 53, terceirizado da Samarco. “Ele saiu de casa para trabalhar na quinta-feira, e não voltou mais”, conta.

Na Praça Minas Gerais, os participantes deram as mãos e rezaram para reacender a esperança. A reflexão sobre o recomeço fez muitos pensarem nos rumos da mineração na cidade.

O movimento “Fica Samarco” foi uma das primeiras respostas a essa indagação. Comerciantes, artesãos, estudantes, trabalhadores da mineradora e moradores de distritos atingidos participaram do ato. O pedido de todos era um só: “justiça sim, desemprego não”. os participantes expunham as reivindicações por onde passavam. “Fica, Samarco, sem você nós somos fracos”, era possível ouvir. A manifestação ocorreu 12 dias após o rompimento e contou com cerca de 1000 pessoas, de acordo com a Polícia Militar.


Os semblantes e os dizeres dos cartazes reforçavam o receio coletivo de que Mariana se torne uma “cidade fantasma” sem a empresa. Na mesma linha, foi o sentimento de vulnerabilidade um dos responsáveis por levar às ruas 1.600 pessoas, segundo a Guarda Civil, na passeata "Todos juntos pelo futuro de Mariana", 4 dias depois. Moradores da cidade e dos distritos participaram do ato. Os diversos cartazes sinalizavam "De que nos adianta o minério sem a sua exploração?", "Mariana não pode parar no tempo", "Não podemos ter desemprego em massa".

A marcha terminou com a entrega de um manifesto ao prefeito Duarte Júnior (PPS) e ao representante da Câmara dos vereadores, Fernando Sampaio (PRB). Entre os pedidos está a criação de alternativas que diversifiquem a atividade econômica na cidade.

De acordo com um dos organizadores, o comerciante Flávio Almeida, 40, a pauta dos desabrigados não exclui a pauta da manutenção da atividade minerária. "A ação expressa o desejo de que todas as reivindicações se convertam em um bem comum e apoia a luta pelos direitos dos desabrigados e pela busca dos desaparecidos".


Vanderlei Lucas, 38, é morador de Contagem, MG, e passou 31 dias em um hotel de Mariana sem notícias da mãe. Dona Maria Elisa Lucas, 60, estava a passeio em Bento Rodrigues quando a barragem de rejeitos se rompeu. “Ela estava pescando, fazendo a coisa que mais gostava. Aí veio a lama e a levou.” Movido pela inquietação, Vanderlei, junto com as famílias das vítimas desaparecidas, caminhou até a porta do escritório da Samarco, em Mariana, para exigir que as buscas nas áreas atingidas não fossem cessadas enquanto não houvessem respostas. Até o fechamento do LAMPIÃO, duas vítimas permanecem desaparecidos e dezessete corpos foram reconhecidos por parentes, entre eles a mãe de Vanderlei.

Não se rompe uma memória

Em poucos minutos, o comerciante José Barbosa dos Santos, 68, teve as mãos calejadas e o suor de quarenta e cinco45 anos reduzidos a destroços pela onda de lama. No momento em que a barragem rompeu, José trabalhava na venda que construiu há vinte e cinco25 anos. Ao ouvir de longe o barulho, pensou que fosse poeira no vendaval. Quando viu o mar marrom, a correnteza trazia também uma escola inteira, e estava a 30 metros de atingi-lo. Foi quando o misto de surpresa, incredulidade e desespero o acometeu. “Matou meu povo tudo. Andei até de passos. Não adiantava correr. Aquela lama poderia me lamber, já tinha lambido o meu povo mesmo”, relembra, quando pensou ter perdido a família.

A aposentada Maria Félix de Souza Santos, 67, mulher de José, recorda com nostalgia os 44 anos que viveu no distrito. “Era um lugar muito sossegado, podia dormir com as portas abertas”. Das tantas saudades de Maria, a maior talvez seja o sonho da cozinha nova. Depois de um ano em reformas, só faltavam os vidros do armário.

Nos últimos dois anos, o lugarejo estava diferente. Mais pessoas visitavam o local, as celebrações religiosas e a igreja estavam mais movimentadas. “Parecia que tudo no Bento foi despedida. Foi tudo muito bem festejado. Tudo era adeus.”, lamenta.

Na tarde do dia 5, Maria se preparava para descansar no sofá da casa quando a filha lhe avisou que a barragem tinha se rompido. A aposentada só teve tempo de chamar a amiga e fugir. “Entrei no ônibus da linha que estava passando, ia em direção a Santa Rita, mas a lama cortou o caminho. O ônibus recuou e nos deixou no pé do morro. Lá de cima eu só via tudo sendo levado.” O reencontro com os familiares trouxe alívio e aumentou a fé. “Com uma das mãos Deus segurou a lama, com a outra nos empurrou para o morro.”

José tenta seguir a vida com otimismo, mas as memórias do antigo Bento permeiam o pensamento. “Às vezes não quero lembrar. Mas nos meus sonhos chega um freguês e fala, ‘quanto é aquilo ali, Barbosa?’". Não é a primeira vez que Barbosa fica sem suas economias. No governo Collor, o aposentado perdeu toda a quantia aplicada na caderneta de poupança. Desde então, passou a guardar dinheiro em casa. Antes da tragédia, cerca de 60 mil reais estavam reservados entre a parede e o guarda-roupa. “O negócio foi diferente do Collor de Mello, porque ele veio e levou o dinheiro, ao menos a casa deixou pra gente. Agora levou o dinheiro, com casa, com tudo. Meu sonho é que a Samarco devolva tudo que perdi”, desabafa.

A barragem do Fundão começou a operar em 2008. Segundo o Presidente da Associação de Moradores de Bento Rodrigues, José do Nascimento de Jesus, Zezinho do Bento, a população não foi consultada sobre a construção. Na época, a Samarco informou que o empreendimento não apresentava riscos à comunidade local.

Zezinho conta que depois de finalizada a obra, as reuniões com a Samarco para esclarecer, entre outros assuntos, sobre os riscos da barragem eram frequentes. A empresa garantia que a estrutura era “muito segura”. O morador chegou a visitar a barragem de Santarém, a mais próxima do distrito, mas não teve acesso à do Fundão. “Sempre garanti o pessoal que se a nossa vida fosse tão segura quanto Santarém, não morreríamos nunca. E realmente, depois da tragédia ela não se rompeu. A do Fundão eu nunca tive a oportunidade de visitar. Eles nunca convidaram.”

CRÉDITOS

Texto: Agliene Melquíades e Ana Carolina Vieira
Foto da capa: Pedro Menegheti
Fotos: Larissa Lana, Rodrigo Sena, Sabrina Passos, Tainara Ferreira e Thiago Barcelos
Design: Gabriella Visciglia
Audiovisual: Caio Aniceto